Partindo da ideia de que praticar música é também saber escutá-la, artistas pesquisadores falam sobre os aspectos musicais e históricos de álbuns importantes da música brasileira, que possuem relações com o entendimento mais amplo de jazz.

Gravado por Leny Andrade aos 22 anos de idade, o emblemático Estamos Aí (1965) foi o terceiro álbum de sua discografia e reúne elementos musicais e poéticos fundamentais do período em que se insere: instrumentação jazzística, arranjos modernos (escritos por Eumir Deodato), interpretações exuberantes (incluindo seus já famosos scats). No repertório, jovens compositores da época, como Edu Lobo, Maurício Einhorn, Sérgio Ricardo, entre outros, trazendo temas sociais que falam do morro e da pobreza, em franco contraponto com a estética bossa-novista do amor, do sorriso e da flor, também presente no disco.

A cantora Lívia Nestrovski conduz a escuta mediada. Lívia defendeu mestrado sobre o scat singing brasileiro a partir da obra de Leny Andrade, no qual analisa, dentre outros o álbum que será discutido neste encontro.

Lívia Nestrovski é cantora. Lançou os discos DUO (2012), com Fred Ferreira, Pós Você e Eu (2016) e Sarabanda (2020), com Arthur Nestrovski e De Nada Mais a Algo Além (2014), com Luiz Tatit e Arrigo Barnabé. Ao lado de Fred Ferreira, apresentou-se em cerca de 20 países das Américas, Europa e Oriente Médio, além de todas as regiões do Brasil. Como solista, cantou à frente de orquestras como Jazz Sinfônica, Nelson Ayres Big Band e Orquestra Petrobras Sinfônica. Venceu o Prêmio Profissionais da Música 2019 na categoria Cantora e concorre este ano em 3 categorias. É formada em Canto Popular pela UNICAMP e é mestre em Musicologia pela UniRio com a dissertação Sambop: o scat singing brasileiro a partir da obra de Leny Andrade (1957-1965). Foi professora de Canto Popular e História da Música Popular na Faculdade Santa Marcelina (SP). Ministrou oficinas e cursos na Espanha, Portugal, Itália e Líbano, além de todo o Brasil.